quarta-feira, 23 de maio de 2012

OBSESSÃO E JESUS


No número dos escolhos que apresenta a prática do Espiritismo, é preciso colocar, em primeira linha, a obsessão, que quer dizer, o império que alguns Espíritos sabem tomar sobre certas pessoas. Ela não ocorre senão pelos Espíritos inferiores que procuram dominar; os bons Espíritos não impõem nenhum constrangimento; eles aconselham, combatem a influencia dos maus, e se não os escutam se retiram. Os maus, ao contrario, se agarram àqueles sobre os quais fazem suas presas; se chegam a imperar sobre alguém, se identificam com seu próprio Espírito e o conduzem como uma verdadeira criança.
A obsessão apresenta caracteres diversos que é necessário distinguir, e que resultam do grau de constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é de alguma sorte um termo genérico pelo qual se designa esse gênero de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.
- O Livro dos Médiuns, Segunda Parte – Cap. XXII, item 237, Da Obsessão –

Cristãos eminentes, em variadas escolas do Evangelho, asseveram na atualidade que o problema da obsessão teria nascido no culto da mediunidade, à luz da Doutrina Espírita, quando a Doutrina Espírita é o recurso para a supressão do flagelo.
Malham médiuns, fazem sarcasmo, condenam a psicoterapia em favor dos desencarnados sofredores e, por vezes, atingem o disparate de afirmar que a prática medianímica estabelece loucura.
Esquecem-se, no entanto, de que a vida de Jesus, na Terra, foi uma batalha constante e silenciosa contra obsessões, obsidiados e obsessores
O combate começa no alvorecer do apostolado divino.
Depois da resplendente consagração na manjedoura, o Mestre encontra o primeiro grande obsidiado na pessoa de Herodes , que decreta a matança de pequeninos, com o objetivo de aniquilá-lo.
Mais tarde, João Batista, o companheiro de eleição que vem ao mundo secundar-lhe a obra sublime, sucumbe degolado, em plena conspiração de agentes da sombra.
Obsessores cruéis não vacilam em procurá-lo, nas orações do deserto, verificando-lhe os valores do sentimento.
A cada passo, surpreende Espíritos infelizes senhoreando médiuns desnorteados.
O testemunho dos apóstolos é sobejamente inequívoco.
Relata Mateus que os obsidiados gerasenos chegavam a ser ferozes; refere-se Marcos ao obsidiado de Cafarnaum, de quem desventurado obsessor se retira clamando contra o Senhor em grandes vozes; narra Lucas o episodio em que Jesus realiza a cura de um jovem lunático, do qual se afasta o perseguidor invisível, logo após arrojar o doente ao chão, em convulsões epileptóides; e reporta-se João a israelitas positivamente obsidiados, que apedrejam o Cristo, sem motivo, na chamada Festa de Dedicação.
Entre os que lhe comungam a estrada, surgem obsessões e psicoses diversas.
Maria de Magdala, que se faria a mensageira da ressurreição, fora vítima de entidades perversas.
Pedro sofria de obsessão periódica.
Judas era enceguecido em obsessão fulminante.
Caifás mostrava-se paranóico.
Pilatos tinha crises de medo.
No dia da crucificação, vemos o Senhor rodeado por obsessões de todos os tipos, a ponto de ser considerado, pela multidão, inferior a Barrabás , malfeitor e obsesso vulgar.
E, por último, como se quisesse deliberadamente legar-nos  preciosa lição de caridade para com os alienados mentais, declarados ou não, que enxameiam no mundo, o Divino Amigo prefere partir da terra na intimidade de dois ladrões, que a Ciência de hoje classificaria por cleptomaníacos pertinazes.
À vista disso, ante os escarnecedores de todos os tempos, eduquemos a mediunidade na Doutrina Espírita é luz bastante forte, em nome do Senhor, para clarear a razão, quando a mente se transvia, desgovernada, sob o fascínio das trevas.

Emmanuel/Chico Xavier

do livro Seara dos Médiuns, lição: Obsessão e Jesus       

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