sábado, 10 de novembro de 2012

DESMISTIFICANDO O CALENDÁRIO MAIA


Existe tanta interpretação errônea e tanta confusão com relação ao verdadeiro significado do Calendário Maia, que resolvi repassar este texto a vocês, pois ele é bastante esclarecedor:
Ontem tive a sorte de assistir parte de um documentário sobre a cultura Maia no "the History Channel", da série "A origem das coisas". Durante o documentário falou-se sobre o calendário Maia e algumas coisas descritas eu realmente não conhecia.
Então baseado no que eu já tinha lido sobre o assunto e o que descobri no documentário, resolvi escrever este pequeno texto para tentar esclarecer ainda mais sobre como funcionava e o que era o tão falado e temido calendário Maia.
O sistema vigesimal: Diferente de nós ocidentais, os Maias adotavam uma matemática baseada num sistemavigesimal, ou seja, de 20 números base (o nosso sistema decimal possui 10 números base). Isso se dava porque eles contavam os dedos das mãos e dos pés.
Assim o número 20 era extremamente importante para eles, assim como o 10 é para nós.

O Número 13 para os Maias: Os Maias davam grande importância ao numero 13 pois, segundo alguns acreditavam, o céu era composto por 13 camadas, outros atribuem a importância do 13 às 13 lunações anuais. A verdade é que eles tinham como base temporal a dupla 13 e 20.
A contagem de tempo Maia: Os Maias possuíam um calendário solar muito mais preciso do que o calendário
Gregoriano que usamos hoje. Além disso possuíam também um calendário religioso de 260 dias.
O Calendário solar, chamado Haab possuía 18 "meses" de 20 dias, sendo que cada dia do mês possuía um nome (como os nomes do nosso dia de semana), num total de 360 dias. Adicionava-se ao fim do calendário 5 dias extras, sem nome, num período chamado Wayeb. Este calendário regia a vida agrícola do povo.
O Calendário religioso, composto de 13 meses de 20 dias chamava-se Tzolk'in e possuía um total de 260 dias. Ele regia a vida religiosa e administrativa da cultura Maia.
Não é de se estranhar que os Maias, povo obcecado pela contagem do tempo, visse enormes transtornos em possuir dois calendários distintos. Então como era de se esperar, criaram mais um calendário que unificou a contagem.
Tal calendário obedecia a um ciclo de 52 anos, ou seja, a cada 52 anos o primeiro dia do Haab se encontraria com o primeiro dia do Tzolk'in.
Ótimo, os Maias resolveram seu problema de calendários, porém criou-se outro. A cada 52 anos o calendário maia era zerado, ou seja, em menos de um ciclo de vida humana partia-se do ano zero ao ano zero do calendário, o que era problemático para a contagem de datas históricas.
Sendo um povo extremamente organizado, com grandes bibliotecas e importantes datas a serem reverenciadas, tinha-se que criar uma forma de referenciar datas na história. Criaram então o que ficou conhecido como Calendário de Conta Longa
Como era este calendário:
1 K'in = 1 dia
20 K'in = 1 Winal = 20 dias
1 Tun = 18 Winal = 360 dias
1 K'atun = 20 Tun = 7.200 dias
1 B'ak'tun = 20 K'atun = 144.000 dias
O calendário de conta longa possuía 13 B'ak'tun de duração suas datas eram escritas da seguinte forma:
B'ak'tun (.) K'atun (.) Tun (.) Winal (.) K'in
Então o dia (K'in) 1 do calendário de conta longa era representado como: 0.0.0.0.1

O K'in 17 do Winal 6 do Tun 3 do K'atun 7 do B'ak'tun 5 seria representado assim: 5.7.3.6.17
Assim os Maias poderiam datar com precisão qualquer acontecimento histórico.
O "ano zero" Maia:
Baseado em vários textos encontrados nos sítios arqueológicos Maias, estudiosos chegaram a conclusão que o ano zero do Calendário de Conta Longa (ou seja, 0. 0.0.0.0) teria ocorrido em 11 de agosto de 3.114 Antes de Cristo.
Devido a destruição pelos conquistadores espanhóis do grande acervo histórico Maia, armazenado em suas bibliotecas, provavelmente nunca saberemos o motivo que os levou a escolher esta data como início de seu calendário.
Como os Maias erigiam grandes monumentos ao fim de cadaK'atun (20 anos) existem vários registros de datas disponíveis para comparação e consulta.
2012, o fim:
Os Maias davam grande importância ao fim de ciclos de contagem de tempo, daí a importância de se construir monumentos a cada Ka'tun, e o fim do ciclo de calendário circular (52 anos) era de grande importância religiosa pois os dois calendários novamente se encontravam. Muitos desses "fim de ciclos" eram vistos como "inicio de boa sorte" e outros como de má sorte".
Nada mais óbvio então que dar uma interpretação transcendental ao final do calendário mais longo dos Maias. Ou seja, o Calendário de Conta Longa. Muitos dizem que em 21 de dezembro de 2012 o Calendário Maia acaba, que eles não continuaram o calendário, e que isso é um sinal do fim dos tempos... Ledo engano.
Em 21/12/2012 chegamos ao fim da contagem de tempo do calendário de conta longa, ou seja, chegamos ao 13.0.0.0.0
O que isso quer dizer? Os Maias não conseguiram continuar seu calendário? Por que pararam exatamente neste dia? Será um presságio para o fim do mundo? É possível que para os Maias sim.
Uma sociedade baseada nas mais variadas mitologias envolvendo contagem de tempo, a chegada de um marco tão importante deveria ser recheada de simbolismos, talvez benéficos, talvez maléficos.
O que sabemos é que os Maias possuíam ciclos "adicionais" que poderiam ser acrescentados aos 13 B'ak'tuns, porém nunca foram usados no calendário de conta longa, talvez por imaginarem que seria desnecessário.
Se os Maias existissem hoje, qual seria a importância do ano 13.0.0.0.0? Talvez a mesma importância que demos a transição entre o ano 2000 e o ano 2001.

Resumindo: Para a cultura Maia, os ciclos eram de extrema importância na contagem do tempo. Todos os seus calendários eram cíclicos uma vez que eles viam o universo de forma cíclica.
O fim do último B'ak'tun deveria ter sido o fim do grande ciclo temporal Maia, caso eles ainda existissem, e deveria ser recheado de simbolismo, entretanto os Maias não existem mais.
Seus calendários são a prova viva que na mesoamérica pré-colombiana, povos de altíssima capacidade intelectual em todas as áreas do conhecimento floresceram e prosperaram em ramos da ciência que os ocidentais nem sonhavam existir, apesar de viverem em uma civilização lítica.
Os Maias não foram ajudados por ETs a construir seu calendário. Ele é fruto da inventividade superior deste povo.
Seu calendário não marca o "fim do mundo" mas apenas o fim de um ciclo. Seu fim em 21/12/2012 não quer dizer que eles pararam de calculá-lo, e sim que o dia 22/12/2012 será o dia 0.0.0.0.0 do novo ciclo do calendário de conta longa Maia.

O fim do maior ciclo desta cultura deve nos deixar, antes de mais nada, a lembrança desta imensa civilização, agora perdida no tempo.

Texto de Marcelo Ayotola

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